O Porto em 1920

Factos ignorados e esquecidos da memória tripeira

César Santos Silva
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Como era a urbe invicta há cem anos? O que se passou aí durante a década de 1920? O Porto que o século XX viu nascer era uma cidade deprimida, que vivia ainda as frustrações do 31 de Janeiro, uma revolução romântica feita contra a Monarquia e contra a vontade de muitos republicanos. Longe ia a segunda metade do século XIX, quando esta cidade era uma vontade e um querer, quando tinha força e a sua elite política se impunha a Lisboa. O Porto dos inícios do século XX já não era nada disto: a cidade perdera fulgor, ânimo e importância política e económica. Se a revolta de 31 de Janeiro de 1891 coincidiu com o início da sua decadência política, podemos considerar a Salamancada (de Julho de 1881), e a enorme crise financeira que lhe está associada, como o símbolo da sua decadência económica, que se prolongou depois por todo o século XX. A partir daqui, Lisboa tornar-se-ia o único centro de decisão política, económica, financeira e cultural, acentuando a sua macrocefalia. Mesmo no final do século XIX, em 1899, o Porto viu-se ameaçado, no contexto da sua saúde pública, com a eclosão da última epidemia de peste bubónica da Europa. Mas não foram apenas ameaças, infelizmente: o surto resultou em cerca de 200 mortos e na chegada de forças militares oriundas de Lisboa com o intuito de imporem um cordão sanitário à volta da cidade – o que muito a humilhou.

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