Após três volumes diversamente inscritos no vasto domínio da poesia, o texto de Saguenail surge como «um elefante numa loja de porcelana». Nem conto, nem novela, nem romance, nem crónica, nem ensaio, ainda menos prosa poética, o texto de Saguenail campeia sem atavios (mas também sem prosaísmos postiços) num sector seco da prosa, furtando-se ao adjectivo que poderia especificar a equívoca «natureza» da narrativa. Para falar do velho mundo reunido em redor dum longo jantar, foi preciso uma audácia comparável ao trabalho de desfiguração biográfica que se cumpre ao longo de «99 capítulos». O leitor atento não deixará de desconfiar do primeiro grau que porventura paira sobre a irrupção do anho sacrificado e a razia das tábuas rasas.
Regina Guimarães